Minhas poesias

A menininha e a morte



Há um tempo existia um homem
Que gerou uma menininha,
Última de uma grande ninhada.
O homem sempre viajava
E, de volta, trazia um pacote de bala
Pra sua filhinha amada.
Mas de um grande mal
Esse homem sofria:
Seu coração já não conseguia
Tão habilmente trabalhar.
Até que um dia
Não aguentou o esforço
E teve que parar.
Um grito cortou a tarde silenciosa,
E a família toda chorosa
Velava o homem deitado no leito.
Mas a menininha não entendia
Por que essa gente tanto se mexia
Parecendo ter dor no peito.
Do alto da pequenez
Da tenra idade ela pergunta:
-Pra onde foi meu pai?
A ignorância adulta respondia:
-Foi viajar por muito tempo,
A esta altura, bem longe vai.
E a menininha, alegre,
Pensa no pacote de bala
Que seu pai ia lhe trazer.
Todo dia ao pôr-do-sol
Se angustiava para seu pai receber.
Mas seu pai nunca mais voltou.
E o pacote de bala
Nunca mais chegou.


(Para minha amiga Léia, que perdeu o pai ainda bem menininha)